domingo, 31 de janeiro de 2010


Em cada passo que dou,
Em cada metro cumprido,
Um homem a penar,
Um animal sofrido.
.
Atravesso a minha rua,
percorro a avenida,
desolo-me
E choro.
.
Desencanto-me a contemplar
Um mundo que não é meu,
Perdida, busco a minha nave
Que há muito partiu,
deixando-me cá.
.
Choro, abandonada e só,
Entre gestos e linguagens estranhos
a me acenar.
Não os compreendo,
Não os sei decifrar.
.
Dói-me cada visão
desse tempo, nesse lugar.
Pacientemente, espero
O dia em que, retornando,
Venha a minha nave capturar-me.
.
Saberei reconhecer a sua luz,
os seus reflexos azuis
E o som mavioso
Como de trombetas a tocar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ao meu coração


Cala-te, meu coração,
Porque triste e perplexa, vejo
as ondas alcançarem e apagarem
os sinais deixados na praia.
.
Cala-te, porque já ouço o riso
de tempestades
e o silêncio das grutas,
outrora ecoantes.
.
Cala-te, meu coração,
porque é chegado o tempo
de silêncio, oração e espera.
Encha-te de todos os bens
e cala-te.
.
Cala-te,
porque ninguém te dará atenção.
Cala-te, pois, até a aurora.
Espera-a com paciência
E ela te abraçará.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Chuva


Senhor,
Vejo a chuva cair
E overde que a recebe em festa, porque sabe que ela é alimento para si, força para reflorir.
Mas, Senhor, proteja as aves do céu, os cãezinhos abandonados ao léu, o ser humano desamparado, sem teto, entre as calçadas e o céu, pois sei que Tu não quiseste assim.
É o homem desalmado que faz assim.
Conserva, então, Criador, aquilo que é Teu,
Arranca das mãos do malfeitor, todos os bens que Tu à terra deste e livra-nos do mal.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Tristeza




Hoje, vencida entreguei-me,
Cabisbaixa, não mais relutei,
Deixei a tristeza entrar.
Repentina, resoluta,
Sentindo-se senhora de si,

Entrou, sentou, mirou-me nos olhos,

Querendo tornar-se dona de mim.

Mas o vento forte, entrou por entre a vidraça,

Balnçando-me...

Fez-me lembrar de Ti.

Abri todas as portas,

roguei ao vento:

Entre, ela está aqui!

Com ele vieram todos os cantos maviosos,

de todos os pássaros que há, por aqui.

E, não suportando o tormento

em ver o meu peito reflorir,

Partiu a tristeza, foi-se embora,

para bem longe de mim.

sábado, 16 de janeiro de 2010

LUZ


Quando a tarde cai
E o sol dela se despede,
O céu, em azul profundo,
Abre-se em estrelas
E faz-se o poema.
E, ao amanhecer,
Vem o poema resplandecer,
Banhar campos, enfeitar
vales, campinas.
E, por entre veredas,
grita a sua luz.
Ultrapassa a palidez
dos campos esquecidos,
Faz-se beleza em cada coração,
Bendito amanhecer
Que encontra aconchego,no coração do poeta,
força e querer
para fazer-se luz

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Meu melhor poema


Ele é canto,
é o meu encanto,
o cessar de qualquer pranto,
o soriso brotado, brando,
doçura e paz em mim.
Ele é firmeza, verdade, razão,
pura bondade no coração.
É dádiva divina,
concedida pra me guiar,
é lugar de repouso,
é festa infinda,
é força e ternura,
minha paz.
Ele é o meu filho amado,
sinfonia de amor,
presente divino,
no meu coração a pousar.
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Queria ser milagre em sua vida,
Queria ser flores brotando,
pássaros cantando,
sol eterno do seu luar.
Queria parar os bons momentos,
eternizá-los no meu abraço
para nunca lhe ver triste ficar.
Quero o seu sorriso eterno,
quero os olhos sempre a brilhar.
Quero este seu jeito bonito de ser,
esse seu jeito doce no olhar.
Quero um mundo de felicidade para você,
razão do meu querer,
vida, em mim, a navegar.
Se pudesse teria o paraíso, pousado na palma da mão,
para lhe presentear.
Tu és a minha luz,
meu sonho, meu poema maior,
beleza a me motivar,
meu filho amado,
razão do meu cantar.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Remo


Fio sutil que me entrelaça
Entre esse tempo
e o tempo que eu perdi,
Esconde-me presa a esperança
E o encanto que havia em mim.
Caminho exausta, por entre essas pedras,
Rogando à terra acalento de sorte
Para desvio desse meu caminhar...
Por entre pedras, profundos cortes.
Quem me cura as feridas é o meu coração,
Cansado de andanças, mas repleto de esperanças
Que me cobre desse sempre querer
E, no interminável desejo,
Segura-me, balança-me,
a gritar Amor.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Acordando com o Sol

Poema da poetisa Elisa Maria Gasparini Torres
http://emgari.zip.net


Chore teus mortos em quarto escuro

com teus sentimentos bélicos

no tétrico, vazio do teu obscuro

Em trevas, com lágrimas góticas,

se afunde e definhe por todos

e tudo mais que foi ou está indo

no angustiante caixão imaginário

coberto de margaridas.

Mas com a luz do sol aja:

simplesmente ressuscite!

Apóie-se com força, então se levante

que vasta é a tormenta e a lida

Que temos necessidades básicas

antes que esgote-se nossa própria vida.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sou poeta

Sou poeta,
Se por vezes canto a dor
E lamento o canto,
Tudo a ver, nada a contentar-se,
Busca incessante,
Destino de nunca encontrar-se,
Não te iludas com todo esse cantar,
O que exponho não é meu
Épura obra desse canto, que com poder e sonhos infindos
Vem, sempre, em mim consumar-se.
.
Sou poeta, neste mundo
para sonhar, iludir-me , chorar, voar..
Respeitosamente contemplo esse meu canto,
Magia que me comanda, que vive, em mim,a entoar-se.
.
Sou poeta
Escrava desse canto, dessa voz que me conduz,
Que sempre em comando, convida-me à cumplicidade
E, assim, determina o meu caminhar.
.E silenciosa obedeço,
E, obedecendo, versos contemplo,
Versos impetuosos, inquietos versos que, entre a mão e o papel
estão sempre a derramar-se.
.
Não sou canto, não sou o chorar,
Não sou sol, não sou luar,
Sou poeta - ser atiçado, provocado,
Instrumento do cantar.
.Não me culpes , pois,se versos escrevo,
Canções que não queres ouvir.
É que sou poeta e o canto que canto,
Não sou eu que canto,
é o próprio canto, sedento, flamejante,
Senhor de mim a ordenar-me.
É dele esse cantar.
.
Sou poeta a vagar pelo mundo das palavras,
guiada pelas mãos desse canto,
Ser objeto, sujeito ao canto,
Entregue a esse canto, impregnado de querer
que sobre mim abre as suas asas, do meu ser se incorpora,
obrigando-me a cantar o seu canto, a me entregar.
.
Sou objeto desse canto que me exalta e me aniquila,
em versos repletos de querer,
Dono de mim, do meu ser, que me exige, me ordena,
Obriga-me a não me pertencer.
.Essência da sua essência, corpo único, único ser.
Desejo fundido em mim,
em desejos de bem querer.
.
Sou poeta, ser vencido, disponível, comandado,
pelos versos a navegar.
Arremessada no horizonte, submergida pelas mãos do sensível,
em profundo, imenso mar,
revestida de poesia, imposta por esse canto,
que, em mim, insiste em espalhar-se

sábado, 2 de janeiro de 2010

O que amo

Se eu morrer, em tuas mãos,
O que amo não morrerá.
Por entre este crepúsculo,
Levantar-se-á o meu coração,
Num grito, a cantar-te.
.
E eu reergurei,
Com a alma recolhida,
A força do meu amor,
na presença do que amo,
A amar.
.
E se me sentires triste,
É porque o amor que amo,
Forte como o vento,
Poderoso como o sol,
Faz-me ofuscar.
.
Mas, sempre, sempre,
Pelas tardes de primavera,
Serei vento a te abraçar.
.
E, nas noites de verão,
Serei estrela brilhante,
Do céu, a te velar.