domingo, 30 de maio de 2010

Amigo




Amigo, recebi a Tua carta
e os presentes que
me enviaste.

Recebi, em emoção,
sobre o Amor que me enviaste,
Vim agradecer.

Amigo, estou feliz
Minh'alma voa
ao Teu encontro,
Quer Tua carta responder.

Minh'alma vive a pensar em Ti.
Amigo, fala mais comigo
Quero mais e mais
Tuas cartas receber.

Amigo, não sei falar palavras bonitas,
Mas, humilde Te escrevo,
Só quero Te agradecer.

E dizer-Te que Te amo
que, dependente de Ti,
sempre estarei a Te escrever.

Amigo, obrigada
Amo-te!
Continuo a Te escrever
Continua a me responder
Amigo, não me esqueças...
O meu amor é pra valer!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Amo

Amo, sei que amo
E nada me impede de amar.

Mas amo,
como imensidão perpétua
amo, a contemplar o mar.

Amo como o luar
com medo de se achegar,
enchendo-se ante o sol,
minguando nas tempestades,
mas sem deixar de amar.

Já amei como a chuva
e não consegui amor encontrar.
Hoje, amo com amor eterno
sol, lua, estrelas, campos, mar

Amo com o olhar de quem
já amou todas as coisas
e não conseguiu amor encontrar..

Pois, então, amo,
como quem só sabe amar
Amo, amo, mesmo a sofrer, amo
Por quê?
Porque o meu destino é amar.

domingo, 23 de maio de 2010

Solta-o!


Se não queres levar
o passarinho,
Que engaiolado está,
a chorar

Abra, então, esta gaiola.
Por Deus,
deixa-o voar!

Mas, não o faças
prisioneiro,
Solitário, a chorar.

Abra, pois, esta gaiola
Já que o ensinaste a voar.

Ou o ensina a
ter o canto,
Experimentar o doce
e leve enconto
De sentir o teu visitar.

Ou ensina-o a caminhar
Instrua-o, dá-lhe ferramentas
para aprender a agregar.

Pois...
Se não queres contigo
levá-lo,
Ensina-o a ultrapassar
os limites da gaiola
E os céus alcançar.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Bem te vi

Canta o bem-te-vi,
Lá do alto, a me fitar.
Minh'alma se agita
Parece querer, com ele, voar.

Canta o bem-te-vi,
Como a me falar:
"Estás aí, te vejo,
Venha me encontrar"!

Canta, canta o bem-te-vi
Minha alma se alvoroça,
a cantar.

Minh'alma estranha,
por entre estranhos,
se alegra, voa.
E, com o bem-te-vi
põe-se a falar.

domingo, 16 de maio de 2010

Natureza

Nasci com a Natureza tatuada em minha alma. E o fato de ter demorado a chegar ( diz a minha mãe: parto difícil...), talvez seja justificado pela possibilidade de eu não querer dela me separar.
Sempre esteve, em mim, a sensação eterna da verdade suprema: Natureza e Deus. E, na face de cada folha, no perfume de cada flor, encontro, sempre, a face do meu Deus.
Minha mãe, durante muito tempo, esteve a falar da minha inquietação: o choro incontido, só tranquilizado quando ela punha uma música a tocar e me colocava diante da goiabeira. Só com o ligar do rádio a espalhar música pelo ar, unida à paisagem, diante da qual ela me posicionava, eu me tranquilizava: a goibeira do nosso quintal a estender os seus galhos contra o vento, a balançar pra lá e pra cá como em acenos ao Céu. E eu, olhos fixos, começava, lentamente, a acompanhar com o corpo com os movimentos da árvore e calava-me, atenta, olhos para o balé, ouvidos para a música. Sussurrava baixinho a imitar, a integrar-me ao show divino que, certamente, era tudo aquilo para mim.E, depois de alguns minutos, silenciosa, apenas contemplava.
Chegou o tempo da escola e lá, aprendi sobre oxigênio, gás carbônico, árvores, seres humanos. E a minha alma encantada, curvou, mais uma vez, reconhecida diante da obra de Deus.Na perfeição das Suas mãos, a troca: expiramos gás carbônico, inspiramos oxigênio - disse-me a professora - e as árvores expiram oxigênio e inspiram gás carbônico. Dependência total que deveria fazer-nos refletir melhor sobre o Projeto de Deus.
Passei e ainda passo o tempo a indagar por que os seres humanos, dotados de tanta inteligência não consegue entender aquilo que todos os seres, toda a Natureza entende e, harmoniosamente, simplesmente, pratica: a compreensão desse elo, dessa cadeia dotada de tantos braços, mas que formam um corpo único.
Por que é tão difícil para nós compreender esta Grandeza?
Na minha adolescência, conheci Gibran. Por suas obras me apaixonei. Gibran Kalil Gibran disse tudo o que a minha alma sempre quis dizer e não conseguiu: Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do destino. Elas tremulam à brisa da manhã e curvam as cabeças sob o orvalho cedente do Céu..." E eu. creio que aquelas que não se curvam, cobrem-se de espinhos, perdem o perfume, secam e se desencontram com o orvalho do Céu. .Deixam de amar.
E é este o meu destino: amar. Amar a Natureza porque não concebo amar a Deus e ignorar a obra das Suas mãos.
Como pode o homem não entender que somos obra única de Deus? Como pode não entender que somos membros de um só corpo? Como pode não entender que somos grãos de areia pequeninos, "sobre a margem infinita de uma mar infinito"?
Pobre e miseráveis somos nós por não compreendermos a imensidão do Amor, a suprema e infinita obra das mãos de Deus.
Ah, Senhor, Espírito Santo de Deus, miserocórdia!
Misericórdia; Senhor, para este tempo em que o Amor já não é amado, a solidão se perpetua e o deserto sem fim fica cada vez mais próximo de nós.
Abra as Tuas asas sobre nós e derrama os teus dons.A Sabedoria para compreender, a Humildade para aceitar, o Amor para amar.
Assim, seremos e agiremos como todos os nosssos irmãos, elementos da Natureza, suprema unidade em Força, Amor e Paz

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Faz chorar

O rio corre devagar
Passa por tantos campos,
abrindo caminhos.
O rio não pára.
Mas, por onde passa,
permanece sereno...
devagar.

É longo o rio
Quase infinito
Vai se fazendo presença,
ora pura calma,
ora  encachoeirando-se,
ficando pelos lugares

Porém, se pensas que ali
ele se encerra,
engana-se
Mesmo imagem, ilusão retida,
está a caminhar.

O rio é caminho lento,
eterno passar.
Mesmo em fúria, revolta em grito...
eterno passar
Se abre em mil atalhos,
Quer, sempre, a terra abraçar.

Mas, também o rio,
em seu caminhar,
encontra  obstáculos
que querem fazer-lhe parar.

Porém, somente a mão do homem
Pode o rio estagnar,
seu caminho eterno findar.

Somente a mão do homem
consegue contaminar
Único elemento da Natureza,
   a desvirtuar-se.

Somente a mão do homem
consegue contaminar
Somente a mão do mão,
impõe-se, impiedosa,
sobre a Natureza a chorar.

Somente a mão do homem
pode a vida machucar
Somente a mão do homem
consegue, na Natureza, o desencontrar.

Na mão do homem, a Natureza,
mãe sofrida, silenciosa, oprimida
Não entende o filho perverso
que não a sabe amar.




quinta-feira, 13 de maio de 2010

Lançarei

Lançarei.
Mais uma vez, eu lançarei.
Confiante na Esperança viva
que me consola
e me ordena: "lança!"
Eu lançarei.

Então, lançarei
Mais uma vez, lançarei.
Do outro lado,
no lado indicado,
Seguirei a Palavra viva
E minha rede lançarei.

E sei que regozijarei,
Nesta Fé, regozijarei.
E alçarei a minha rede
plena
Eu creio,  alçarei

Por isso, lançarei!

terça-feira, 11 de maio de 2010

Bênçãos


Irmã(Olga), mãe(Tezinha), eu, filho(Laerte)...
meu pai (Não vês? Está ali, dentro do meu coração! )


Família...
Face minha, em outras faces,
a refletir todas as faces
que semelhantes, diferentes,
se encaixam no meu coração.



Eu, Laerte (meu filho), Juliana ( minha nora)


Quando se é mãe,
o amor se estende, se agiganta
e nos surpreende,
ao ramificar e se alojar, sinceramente, intensamente,
- dos nossos corações -
em outros corações.




Eu, ébria de amor e alegria


Ah, família...
Tu me deixas assim,
desengonçada,
abobalhada,
sem palavras, sem gestos, sem ação,
Perdida em minha alegria,
feito criança,
Apenas fala o meu coração:
Obrigada, famíliiiiaaaa!






Dona Tezinha

Tu, pequenina,
És, para mim, árvore frondosa
Vasta, majestosa,
A embelezar o meu jardim.

Teus galhos fortes, viçosos
Sustentam-me.
Eu, fruto... folha, dependente de ti.

E as tuas raízes profundas,
Tão fortes, fecundas,
Fincadas no solo do meu coração
Não deixam afastar-me de ti.

Alimenta-me, sustenta-me
Na vida, recria-me a vida
Eu, parte de ti.

domingo, 9 de maio de 2010

Eu vi...

Este é um dos viadutos da minha cidade.Por ele passo, sempre, de volta para casa.
Hoje, de repente, passando sob ele, chama-me, a minha irmã, a atenção para verdes folhas, pequeninas, que brotam por entre minúsculas fendas, entre os imensos blocos de concreto.
Percebi, então, a luta da vida pela vida e o quanto a Natureza é forte.
Invencível seja!
Invencível seja toda força de vida
Invencível seja cada gota verde, a buscar sobrevivência sobre o asfalto, a gritar a vida sob o concreto, a rebentar sobre a terra.
Invencível seja todo o desejo de vida, cada gesto de esperança, cada luta pequenina que se agita dentro de nós.
Invencível seja a vida, a ressurgir por entre as pedras
A vitória perante as guerras, o divino desejo de sobreviver,
de rebuscar a vida e jamais perecer.

sábado, 8 de maio de 2010

Canção em sorrisos

Aquele que ouve a voz da
canção eterna
prossegue, caminha,
Fotalece-se, no seu ritmo,
embala-se nas suas ondas.
Crê e torna-se guerreiro,
Vislumbra, por entre lutas, vitórias
E, nas dificuldades, sorri.
Zomba do zombador,
balança, cai, levanta-se
e do mal ri.
Enxerga, além deste visível céu,
o brilho intenso,
por sob um véu
que o mundo insiste em colocar
sobre a face da Verdade,
por aqui.

Aquele que ouve a voz da Canção
conhece a profunda emoção
de sentir a face de Deus, a sorrir.
E, mansamente, caminha,
enfrenta o mundo com valentia,
Humano, chora todas as dores,
mas, por entre lágrimas e todos os desamores,
sorri!

E descobre, um dia, de repente,
a mão de Deus, milagrosamente,
em sua vida, a agir.
Porque o Amor só sabe amar,
A Paz só sabe acalentar
e a alegria só sabe sorrir.

E o meu Deus é beleza e canção,
Amor e compaixão,
perdão e compreensão
para aqueles que o quer seguir.
O meu Deus é sempre MAIS,
de tudo é capaz
para pôr sorrisos em mim.
O meu Deus é assim,
pleno, amoroso, terno, em mim, em ti.

O meu Deus é assim:
Amor e Beleza
sorrisos, sem fim.
Um Deus que decidiu amar
e, por isso, vive a trabalhar
por sorrisos em mim,
 por sorrisos, em ti.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Inquietação

Inquieta-me.
Inquieta-me essa onda vagante,
Inominável onda, mansamente trepidante,
Rasgando a quietude do meu ser.

Dói-me os passos indefinidos do nada,
impressos da onda, em mim.
A eternidade das buscas
sem encontro,
Das perguntas sem respostas

E os sorrisos de "tudo bem"
E os soluços do coração que não tem
Outra alternativa a não ser
no palco fixar-se.

E, diante das soluções insolúveis,
dos encantamentos
do meu tempo desencantado,
provavelmente riem de mim
as ondas passantes,
ao me perceberem aflita
ante os gritos da noite.

E da fome dos bichos,
no lixo,
aparentes seres com vida,
sem chances de recomeçar.

Os risos que ecoam, em torno de mim,
me emudecem o sorriso.
julgado sem fim,
mas, ensina-me a me encontrar.

E as palavras que me soam
tão estranhas...,
chocando o meu olhar
levam-me à leitura plena,
de mim,
e me ensinam a me amar.

Inquietas ondas que galgam o meu ser
e, no tempo do não ser,
apresentam-me o ter,
e fazem-me querer
disto tudo me afastar.

Inquieta-me não poder encontrar o caminho
do sol,
o lugar das soluções permanentes,
o templo do perdão,
para, numa oração,
reacender todo o Bem,
ouvir a sua explosão
e o ápice contemplar.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

MURILO MENDES



Penso que todos os homens possuem o germe da poesia.Nem todos, porém sabem ou podem comunicar a poesia em sua forma persuasiva. A missão particular do poeta consiste em desvendar o território da poesia, nomeando coisas criadas e imaginadas, instalando-as no espaço da linguagem, conferindo-lhes uma dimensão nova
(...)
a persuasão poética é baseada em linguagem, afetividade e engenho construtivo.O poeta escreverá, portanto, para manifestar suas constelações próprias.

*

MEU NOVO OLHAR
Murilo Mendes

Meu novo olhar é de quem já sabe
Que alegria e ventura não permanecem.
Meu novo olhar é o de quem desvendou os tempos futuros
E viu neles a separação entre os homens,
O filho contra o pai, a irmã contra o irmão, o esposo contra a esposa
As igrejas dinamitadas, depois reconstruídas com maior fervor;
Meu novo olhar é o de quem penetra a massa
E sabe que, depois dela ter obtido pão e cinema,
Guerrerá outra vez para não se entediar.
Meu novo olhar é o de quem observa um casal belo e forte
E sabe que, sozinhos, se amam os dois com nojo.
Meu novo olhar é o de quem lúcido vê a dançarina
Que, para conseguir um movimento gracioso da perna,
Durante anos sacrificou o resto do seu ser.
Meu novo olhar é o de quem transpõe as musas de passagem
E não se detém mais nas ancas, nas nucas e nas coxas,
Mais se dilata à vista da musa bela e serena.
A que me conduzirá ao amor essencial.
Meu novo olhar é o de quem assistiu à paixão e morte do Amigo,
Poeta para toda a eternidade segundo a ordem de Jesus Cristo,
E aquele que mudou a direção do meu olhar;
É o de quem já vê se desenrolar sua própria paixão e morte,
Esperando a integração do seu ser definitivo
Sob olhar fixo e incompreensível de Deus.