segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Refletindo... desejando



Catando silêncios, colho palavras.
Colhidas palavras que me conduzem à busca, à reflexão
Eterna procura da resposta certa,
Do desvendar de incógnitas e
desse zelo na interpretação.

Fito o teatro da vida
E busco compreender
cada gesto, cada ato,
a desenrolar-se, neste palco sem fim,
Coberto de ilusões.

Que venha o renascer!
Que cortinas se cerrem, encerrem
E, noutro tempo, reabram-se,
A acenar Amor, solidariedade, compreensão.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

VENHA



És tua esta carta, sobre a minha janela?
Jogada assim, sem vestígios, parece-me não teres certeza do chegar.
Visitas-me, sempre, tão sorrateira, ora fazendo-te presença infinda, ora fugindo devagar, deixas sobre as marcas dos teus passos esse incerto querer, esse movimento balançante, entre o ir e o voltar.
Venha, não te acanhes. Aqui, tudo está tão triste... mas, venhas, sem pressa de voltar; venhas para ficar.
Fica comigo, fica; aqueça o meu coração, fala-lhe ao ouvido que tu vais ficar.
Tu tens percorrido caminhos vazios, não tens encontrado o pouso tranquilo, neste teu desejo tão corrente de prosseguir, de avançar; não tens recebido as boas vindas, o mundo parece já não mais te querer, assim como és, raio de luz, sol de todos os luares. Mas, venha!
Venha, Esperança amiga, pousa bem aqui, no meu coração e faze-me, outra vez, cantar.
É tempo de sorrir, de alegrar-se. Venha! É hora, venha!, é este o tempo de chegar.
Não desvies o teu caminho, não desistas da tua vinda; precisamos, mais do que nunca, te reencontrar.
Traze contigo o vento manso e, sobre ele, a Paz a nos saudar. Revista este tempo com a alegria da tua presença e dize-nos que , aqui, sempre estarás.
Esperança, amiga minha, é já Natal a chegar; mais um ano está indo embora e só tu podes reconstruir os sonhos,fortalecer os punhos, pular as barrreiras escuras, revigorar os corações cansados, acalmar as multidões agitadas, eliminar as tensões provocadas, para que, além dos sonhos, possamos a realidade reconstruir, os cantos abrir, a alegria replantar, sonhos novos construir, sonhos antigos , em paz, concretizar.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A Primeira Vez


A primeira vez que li um poema, a minha alma saiu do seu esconderijo, arrancou a máscara pesada da vida (des) igual e, aos saltos, cantou esperança e quis sonhar.
A primeira vez que li um poema, quis aprender a falar. Quis lançar-me sobre as palavras, nelas mergulhar-me.
A primeira vez que li um poema,fui apresentada a mim; saudei-me, cantei, vibrei e festejei a minh'alma, a me sorrir.
A primeira vez que li um poema, descobri que nasci nesse sonho; que sou triste traço risonho, a marcar os olhos do meu tempo.
A primeira vez que li um poema, aprendi mais de mim e sobre mim. Rebusquei indagações antigas e as inquietações incontidas, reencontrei alegrias perdidas, reconheci a razão das minhas feridas, me percorri... ousei cantar.
A primeira vez que li um poema, imaginei-o, sim,  falando sobre mim. E agarrei-o firme no peito, cantei-o dia inteiro e plantei-o, no meu jardim.
A primeira vez que li um poema,  fez-se primavera, no meu coração. Jamais, contudo, imaginei, um dia,  colhê-lo assim: pássaro azul de doces asas prateadas a, eternamente, voar, dentro de mim.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

No caminho


Em minha alma, existe um canto adormecido que o mundo insiste em não deixar cantar. Mas, uma ordem invisível, sempre, estabelece-se, sobre mim e impulsiona-me a sussurrar palavras, a inventar canção, a ordenar ideias sonoras que sonham voar.
O tempo frio e insensível não me deixa partir; não me deixa alçar o voo que, por minhas asas já tão cansadas, vive, em mim, a gritar. E os passos insistentes e lentos que dou em direção ao mar, deparam, sempre,  com perigos, dificuldades, obstáculos que me impedem de passar. Contudo, eu persisto e insisto. Choro, grito, recuo, tenho raiva até, mas logo recomponho-me e volto a lutar.
A minha alma nasceu para amar. Mas, posta ante a luta, compreende que a sua aprendizagem passa pelo enfrentamento, nas dificuldades, pela reflexão e vontade que a fazem crescer e enxergar. Sabe a minha alma que os caminhos do mundo devem ser percorridos com destreza e sabedoria, pois só assim será conduzida ao seu lugar.
Eis-me, pois, mais uma vez, no caminho, enfrentando a tempestade, lutando enquanto amo; amando enquanto luto, rumo ao destino que Deus me traçar.

sábado, 27 de agosto de 2011

Gente, tem cordel, lá na escola!

Lá na escola tem Gincana, na Gincana tem talentos que escoa, rola e voa
despertando-se, em cada evento.
Caaaannnnta Professor Evandro!

A GINCANA DA VIDA 
Professor  Evandro Souza
                                                                 


Sou caipira sertanejo
Um dia vou ser doutor
Trabalho feito formiga
pra comer meu mangalô

De sol a sol meu compadre
é minha labuta sem fim
ainda tem gente na cidade
que vem caçoar de mim.

Dizendo que não sou capaz
de fazer o que faço
pra aqueles que ainda duvidam
vou mostrar o meu compasso.

Doei sangue pela vitória
trouxe notas de montão
fiz de garrafas sofás
pra não me sentar no chão.

A torcida fez zoada
do início até o fim
cantando o grito de guerra
ascendeu o estopim

Conhecimentos gerais
ainda preciso ter
mas de tudo que me falta
ainda vou aprender.

Reciclei papel e lata
garrafas e papelão
fiz de lixo uma arte
que não teve explicação

Bullying, violência e droga
foi uma dramatização
pra quem tem um pé na cova
dei de vida uma lição

Soletrei muitas palavras
que Jorge Amado escreveu
no livro Capitães de Areia
mas teve gente que não leu

Você precisava ver
a nossa dança de rua
foi uma coisa tão linda
feito o sol e feito a lua.

Em três dimensões do mapa
é isso que é uma maquete
a gente fez as nossas casas
carro, rua e pedestre.

Talento musical
temos de montão
cantamos MPB
e foi grande a emoção.

Forró "tá" no nosso sangue
a gente fez numa boa
cantei, dancei e curti
feito sapo na logoa

Fiz muitas embaixadinhas,
quase nem deu pra contar
com uma bola que tava
mais pra lá do que pra cá

Com as letras de Pernambuco
tive que dar muita letrada
meu amigo fiz de tudo
mas não matei a charada

Força no pulmão
também tivemos que ter
e vestido de palhaço
um montão de bola encher.


Apresentação de cordel
a gente também manda ver
numa capa bem bonita
xilogravei o meu ser

Tarefa surpresa que tive
de comer muita banana
com exagero, com tudo
comi casca e achei bacana.

A gincana acabou
mas não vamos esquecer:
é na gincana da vida
que temos que comparecer.

O dia a dia da gente
é uma gincana sem fim
e esse espírito de luta
eu quero guardar  pra mim.

Gincana é todo dia
na luta que a gente trava
de construir com alegria
o caminho que a gente traça

Como eu sou estudante
não posso me esquecer
que aprender não é fácil
mas tem lá seu prazer

Guardo pra sempre esse espírito
de trabalhar e vencer
pra construir um futuro
que tem aqui seu nascer.

Há muitos caminhos na vida
que tem pra gente trilhar
mas o mais tranquilo e seguro
é a educação que vai me dar.

(Agora, professor, faz o seu desabafo!)

Estou cansado de ver
por trás de balcão meus alunos
quero é vê-los doutores
nos escritórios do mundo

Ganhando mais do que eu
trabalhando em hospitais
dentro das faculdades
querendo mais, muito mais...

(Professor Evandro Souza é professor de geografia no Colégio Estadual Prof. maria José de Lima Silveira - Distrito de Maria Quitéria - no município de Feira de Santana, Bahia. Escreveu este cordel que aqui está escrito obecendo a sua originalidade quanto à escrita e à forma, que foi apresentado no encerramento da Gincana promovida pelo  citado colégio, cujo tema foi direcionado à Zona Rural. Deixo, aqui, os meus parabéns ao professor Evandro e a todos aqueles que se empenharam antes e durante a realização da Gincana.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Raptada

A poesia veio me buscar
.Arrancou-me, doce e lenta,
do labirinto dos meus sonhos incompreendidos
e levou-me consigo,
sem dar-me chance alguma de retornar.

Antes, estava eu perdida.
Desconhecida de mim mesma
Não compreendia porque a dor canta,
o sorriso chora.
Não entendia o que, em mim,
se revolvia, a toda hora.

De repente,não sei como nem de onde,
A Poesia veio me raptar.
Surgiu como doce explosão, sem me avisar.
Encarou-me absoluta
Veio me raptar.

Desabrochou, então, em mim, o antes desconhecido
O sentido do sentir, o sentido do olhar.
Os impulsos, antes queridos, porém, não entendidos
E essa vontade de voar.

A poesia veio me buscar.
Ensinou-me a concretizar e aceitar o meu destino.
Seguir a minha sina de sorrir, falar, gritar, chorar lutar,
e, sempre, amar.

Apresentou-me, a mim, sorrindo
Ensinou-me que o Amor bonito, sempre, está a nos guiar.
E que essa onda que me invade, mistura de alegria e dor,
aceitação e indignação, sorrisos e lágrimas,
também se chama AMOR.

Desatei-me, pois, a correr, atrás desse mistério,
encontrando-me e me perdendo, para
voltar, depois,  a me encontrar.
Porque a Poesia veio a mim se apresentar,
Falndo-me do grito contido e da força incontida
que luta em espalhá-lo, pelo ar.

E desse  meu coração, em vontade de cantar.
E dessa onda gostosa, que me toma e me sufoca,
ao ouvir a sua música , no ar.
E a lágrima que rola, quando vejo ou escuto
o lamento solitário de colibris e sabiás.
E o voo medroso, ligeiro, dos bem te vis,
por mim a passar.

A Poesia veio me buscar.
Mostou-me que a ela pertenço
E que, neste mundo imenso, a ela devo escutar.
A poesia, pois, raptou-me.
De pronto, estendi-me indefesa, em seus braços,
como se estende o rio, em direção ao mar,
ciente do seu destino, de que não pode recuar.
Segue, assim, vagaroso e lento,
 conformado,
no banho do vento,
por vezes intranquilo jamais desatento,
Segue,  assim, como girassóis, 
em  atento e nítido olhar,
A eterna busca do chegar.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Murmuras?

Que pretendem os murmúrios deste tempo?
Acovardar-me para o recuo?
Endurecer-me a alma,
arrancando-me a brisa?
Preparar-me para a batalha,
sugando-me a ternura,
tirando-me o brilho das manhãs?
Encorajar-me para uma luta,
recheada de hipocrisias,
ausentando-me do Amor,
negando-me a dádiva?

Que saiba este tempo
e seus temores,
Não desisto de amar.
Que, em tempos de horrores,
minh'alma voa, por sobre as montanhas
e, lá, por longo tempo, vive,
para retornar fortalecida, plena  (pequena?)
 engrandecida,
como, diante do sol, põe-se o luar,
Repleta de vontade de ser e estar.

Não me tirarão a doçura,
Não me matarão a ternura.
Ouso, a cada instante,
Bravejo e sorrio.
Puro silêncio absoluto,
em afago aos corações que amam,
em apelo
por paciência e espera
Enquanto o véu não se levantar
(e cair).

sábado, 18 de junho de 2011

Ainda não sei!

Não sei.
Por mais que me indague,
Não sei
o conceito de mim.

Mistura de sonho e realidade,
um suspiro de saudade,
sufocado, no peito,
como que a dormir.

Não sei,
ainda não sei
desta estranha mistura
de braveza e ternura,
sombreando sede profunda e pura
de querer descobrir

Não sei,
não sei da profunda estranheza,
diante deste mundo tão estranho...
Inquietação a gerar, em mim
e desses inquietos passos,
em pegadas cautelosas, leves,
sobre gramas de jardim

Não sei,  nada sei,
desta ilha escondida,
sobre o mar estendida,
em destino de solidão.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Meu Lugar

Meu Deus, eu quero
ir pra roça!
Quero voltar pro meu lugar.
Quero mergulhar-me
nos riachos,
visitar as cachoeiras,
Derramar meu olhar
pelos campos,
Espalhar o meu coração
por aquele chão
e ficar, para sempre,
por lá.

Ouvir o canto da sanfona,
A viola, pelos ares,
a chorar
Percorrer o estradão,
Rodopiar, lá no terreiro,
nas belas noites
de São João
com o meu povo, a cantar.

Meu Deus, eu quero voltar
a ouvir o galo cantar,
nas madrugadas,
sem solidão
E os passarinhos
um canto só orquestrar,
O cheiro de mato pelos ares,
saudando um novo dia,
 regando a paz com uma mão
e com a outra,
despedindo-se do luar.

Meu Deus, meu Deus,
eu quero  pra roça voltar,
Cantar sorrir, dançar,
Embaixo daquele umbuzeiro,
no meio da plantação,
dormir e acordar
 E com a Natureza,  a sorrir,
em plena comunhão,
ver o Teu rosto, a nos velar

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Observando os Animais




Caminhando pelas ruas, observo os animais e, sempre, encho-me de indignação.

Não compreendo a incompreensão, não sei explicar onde se encontra a razão da rejeição, e esse amontoado de indiferença, descaso e covardia, a se espalhar sob os passos altivos, apressados, nervosos ou mesmo os cansados, alheios, vagarossos. Ando pelas ruas... quanta tristeza, quanta desolação a misturar-se entre humanos perdidos e animais sofridos, todos a mergulhar-se em profunda dor, desesperança, desamparo... nenhuma proteção.

Os animais, também, foram criados para a liberdade e para a paz. Arrastados por seres tão estranhos, dominados por sentimentos tão adversos, mergulhados entre a dor sentida e o desprezo forjado por cueis corações que não aprenderam a plenitude do amar. Andam, então, passos lentos, a espreitar caminhos, olhar medroso, cheios de solidão.

Carregam, a correr por entre assaltos de medo e perseguições, o destino dos esquecidos, a sorte dos desvalidos, ignorados pela piedade, açoitados por alheias ambições.

Contudo, seguem. humildes e humilhados, mortos ou açoitados, abandonados pelas estradas da vida, atropelados, esfomeados, espancados sem razão; caminham silenciosos a longa e dolorosa estrada que o ser humano para eles criou, acompanhados pelo triste olhar, coração e pulsar, coberto de amor e solidão, em busca de compaixão... Meu Deus, quanto horror!

Os animais, arrancados do seu destino, em suas atitudes, carregam, diante da violência, o dom do perdão e, diante da dor, pura resignação. Mas se por um acaso chegam ao limite do sofrimento, à exaustão e reagem, pondo-se em defesa.... assassinos são. Meu Deus, quanta hipocrisisa, quanta maldade, quanta falta de compreensão.

Estou, então, a ponto de declarar que só os animais conhecem, verdadeiramente, por inteiro, o ciclo da vida, o amor e o perdão e disto tudo a razão.

Os animais são capazes de, sem questionamentos, buscar a vida, defendê-la, protegê-la e saber encontrar o caminho exato para a auto proteção (quando não alcançados pelo desamor que, em abraços com a crueldade, caminha em plena explosão)

Por isso, merecem o meu respeito, a minha admiração, a canção deste meu coração, a rogar por eles, ao menos, misericórdia e proteção, se o Amor já não mais cabe em certos corações.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Que mãe é essa?

Ouvi  alguém lendo este texto, hoje, pela manhã, num programa de rádio aqui, em Feira de Santana (Acorda Cidade) e gostei muito. Decidi, então, postá-lo em homenagem a minha mãe e a todas as mães, pois logo percebi-me nesta foto, assim como reconheci a minha mãe.
Feliz dia das mães para todas!


Tem bicho mais estranho do que mãe?
Mãe é alma contraditória.
É alegria no choro.
É carinho na raiva.
É o sim no não.


Só mãe mesmo pra ser o oposto...
E depois o contrário de novo.
Vai ver que é porque filho não vem com manual de instrução
. e pra conduzir as crias no mundo, ela usa só de intuição, pra tentar fazer tudo direito.
Mas como pode ser assim, tão incoerente?
Ela diz:
Filho, você não come nada...
E logo se contradiz:
Para de comer, que eu tô botando o jantar!
E aí ela lamenta:
Ai, que eu não vejo a hora desse menino crescer!
Mas logo se arrepende:
Deixa que eu faço, você ainda é uma criança...
E quando ela manda:
Tira essa roupa quente, menina!
E logo em seguida:
Veste o casaco, quer pegar um resfriado?
Esse menino dorme demais...
Esse menino não descansa...
Essa menina vive na rua!...
Filha, sai um pouquinho, vai pegar um sol...
Pois é, gente, que pessoa é essa que jura que nunca mais...
E no momento seguinte promete que vai ser pra sempre?
Essa pessoa é assim mesmo:
Igual e diferente de tudo o que a gente já viu.
É a fortaleza que aguenta o tranco, só pra não ver o filho chorar.
É o sorriso de orgulho escondido, só pra não se revelar.
Mãe dá uma canseira na gente.
E às vezes tira do sério...
Até que um dia a gente se depara com uma ausência insuportável:
É a mãe que vai embora, deixando um vazio enorme, escuro, silencioso.
E aí descobre que, mesmo errando, ela sabia de tudo, desde o início.
E fez de tudo pra acertar.
Porque criar filho não tem regra - é doação e amor simplesmente.
Então, se você tiver privilégio de abraçar sua mãe nesse segundo domingo de maio, agradeça, porque o presente é seu. E esteja certo:
Mesmo sem manual de instrução, ela continua aí, atrapalhada, contraditória...
Mas com o olhar atento, querendo entender como você funciona.
E fazendo de tudo pra você não falhar.

Texto Lena Gino

quinta-feira, 5 de maio de 2011



              O meu nome é luta,   meu sobrenome solidão.

Meu destino?
 Vencer obstáculos; `às vezes sim, às vezes não.

Trago nos braços a força do vento,

Trago o perfume das flores,nas mãos.

Dentro do peito ousadia,coragem, a mesclar-se com o Amor

Que faz morada, no meu coração.

Meu tempo é tempo de guerra,

Meu tempo é tempo de Paz.

Pronta me entrego aos filhos do Bem,

Pronta guerreio contra os inimigos da Paz.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sonho Jardins

Eu queria plantar flores.
Eu queria plantar jardins,
espalhar, sobre o solo, sementes
ansiosas em brotar árvores,
esperançosas em espalhar flores viçosas,
em aromas mágicos, carismáticos,
a encantar os passantes,
a tocar-lhes os corações,
a fazê-los cantar, dançar, sorrir.

Eu queria plantar jardins.
Por sobre pedras e escombros,
por sobre gritos e assombros,
fazer roseiras florir.
Queria, eu queria, sim,
ter essa magia, em mim

Eu queria, queria, sim,
ser uma mágica de jardins encantados
que, ao serem vistos,
- sequer tocados -,
vistos penas, contemplados,
gerassem o milagre do sim.
O sim tranquilo, sorridente,
do Amor eterno, sempre, nascente,
no coração do meu povo.

Eu queria ver jardins,
plantados, em mim, plantados, em ti,
cercando-nos, afagando-nos,
a atrair os pássaros cantantes,
passarinhos barulhentos, gritantes,
em revoadas, orgquestrando bem te vis.

Eu bem que queria plantar jardins...
Jardins imensos ou pequenos,
a espalhar perfumes de relva,
de rosas, margaridas, lírios, jasmins

Eu queria...
Hoje, apenas posso sonhar
que um vento leve vem 
a minha janela abrir.
E, contemplando-me, a sonhar,
pousa lento e sereno,
plantando jardins, em mim.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

É Sim!

É, sim...
É o meu coração,
outra vez, em tempo de espera.
É o meu coração,
a cantar uma nova era,
a ver despontar,
por entre os madrigais,
uma nova canção,
a espalhar-se como oração.

É sim!
É o meu cantar,
neste tempo,
a dissipar os desalentos,
a fincar a esperança,
por entre as solidões.

É sim!
mais um tempo,
a debulhar a minha fé,
a ordenar-me a ficar de pé
e encarar esta certeza
de que, ainda, há, por estes espaços,
-a cantar-
e de que permanecerá,
eternamente,
 a beleza do amor canção.

É sim,
pura canção,
a levantar a fraternidade,
a firmar a solidariedade,
a solidificar o respeito e a amizade,
a fincar Amor e Justiça,
nos corações.
É SIM!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Eu Creio

Eu creio
nas pessoas que amam o verde,
naqueles que amam todas as cores
e afagam o cão.

Eu creio naqueles
que estendem o seu conceito
de vida,
para além das suas vidas
e a veem na gota de orvalho
e no nascer de cada manhã.

Eu creio nos que brincam
na chuva,
acreditam na bênção contida,
em cada gota
que se esparrama pelo chão.

Eu creio
naqueles que creem
e que caminham pela vida,
como a cantar, no peito,
oculta canção.

Eu creio
Eu creio em Ti,
Provedor de todo o meu crer,
plantador de Esperança,
semeador de luz,
em nossas vidas,
Meu senhor, Senhor
de invisível Beleza
que, em cada amanhecer,
revigora-se
e se espalha,
dentro do meu coração.

sábado, 12 de março de 2011

Caminhada

Atravesso as ruas da minha vida, esgueirando-me entre sonhos adormecidos, em medo profundo de acordá-los.
Antevejo-lhes, em burburinho, ao despertar, e os olhos tristes e calados da minha espera, ao chegar o anoitecer.
Deixo-os, pois, agora, repousar e sonhar com a manhã.
Sonham os sonhos meus com flores enfeitando janelas, pássaros entrevoando as árvores - tão belas -, orquestrando, enfileirados, o meu jardim.
Deixo-os sonhar. Sonhar um pouco mais o sonho sonhado só por aqueles que sonham com o amanhecer.
Deixa esta noite passar eo acordá-los-ei, revestidos de luz e encanto a vibrarem de alegria, a cantarem a esperança deste meu viver. Então, fá-los-ei sonhos, ajud-a-los-ei a caminhar.
Não acamparão mais pelos caminhos, não lhes alcançarão mais os estrondos da noite nem os risos do Não. Haverá sempre uma manhã a lhes proteger.
E, sob os raios do sol, sons de cachoeiras e cheiros dde florescer, erguer-s~e-ão por sobre trilhas, em relvas verdejantes crescerão e frutos darão os meus sonhos, sonhos meus, tão cansados de perecer.

domingo, 6 de março de 2011

Mulher ao Espelho

Cecília Meireles


Hoje que seja esta ou aquela,

pouco me importa.

Quero apenas parecer bela,

pois, seja qual for, estou morta.


Já fui loura, já fui morena,

já fui Margarida e Beatriz.

Já fui Maria e Madalena.

Só não pude ser como quis.


Que mal faz, esta cor fingida

do meu cabelo, e do meu rosto,

se tudo é tinta: o mundo, a vida,

o contentamento, o desgosto?


Por fora, serei como queira

a moda, que me vai matando.

Que me levem pele e caveira

ao nada, não me importa quando.


Mas quem viu, tão dilacerados,

olhos, braços e sonhos seus

e morreu pelos seus pecados,

falará com Deus.


Falará, coberta de luzes,


do alto penteado ao rubro artelho.

Porque uns expiram sobre cruzes,

outros, buscando-se no espelho.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Nordeste

Tantos estados, tanta gente,
berço da colonização,
Ainda hoje, sobre ti,
emitem errôneas opiniões.

Tu és o meu Nordeste,
terra de tantas riquezas,
Tu és, sim, o Nordeste,
a cobrir o Brasil de belezas.

Teu povo, tão povo, tão forte,
lutador,
A vencer dificuldades sobre a dor,
A cantar seus cantos de amor,
A enfrentar alheios desamores,
Por entre lágrimas,
sorrisos e cantos caminha,
A afugentar as suas dores.

Tu és antítese sobre a vida,
A criar sorrisos, no pranto,
A brotar da terra árida, ressequida,
poços imensos, profundas jazidas,
Terra de encantos.

E vais tu, sempre, a passos largos,
servindo a gente impiedosa
que da sua seca faz indústrias,
da tua dor faz seu lucro,
dando-te tapas, em vez de rosas.

O teu mar, então... Ah, o teu mar...
Contempla-te e tranquilo te acena
pelos caminhos que, forte, tu segues,
Entre mares, cachoeiras, rios e caatingas.

Porque, por entre os teus mandacarus,
no meio da tua intensa caatinga,
também grita e sabe-se da mata Atlântica,
a dizer-nos que não és uma única sina,
a dizer-nos a tua glória.

No sertão que te cerca
e te faz menino
a galopar, pelos campos perdidos,
também se ouve os cânticos
da tua gente,
a festejar vida e alma temente.

Porque o teu povo busca
a força da fé,
Reergue-se, sempre,,
põe-se de pé,
Provando, na luta do dia-a-dia,
que, antes de tudo, forte tu és!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Riacho

Caminha o riachinho,
tão pequenininho,
silencioso,
devagar.

O riacho viu o rio,
encantou-se,
pensou que fosse o mar.

Com as suas águas
misturou-se
 e estranho pôs-se a achar-se,
sem sentir o sal
sua alma salgar.

Silencioso, tão pequenino...
Mistura-se o riacho,
nas águas do rio,
E segue, em busca do mar.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Escuta-me!






Vida, não quero conviver
com os que não amam o Amor,
não sabem beijar a flor,
não conversam com os pássaros, ao redor
não sentem a Presença, na brisa mansa,
não conhecem o teu canto
e odeiam a tua Paz.

Vida, não quero estar
com os que gritam, em guerras,
enquanto tentamos falar em Paz,
não quero a agitação das mentes vazias
nem a paz fingida dos faladores.

Quero o teu silêncio, a fundir palavras,
espalhando, dentro de mim,
a mais pura canção.

Prefiro esta solidão à multidão
adversa aos princípios e valores,
deste meu já tão cansado coração.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Olhar em Explosão

No meio desse barulho
sem palavras,
repleto de sussurros
e ruídos sem nomes,
As palavras se enfileiram,
por entre vácuo rompido
pelo encanto preenchido,
pela poesia, a mirar.

E o olhar cirsunspecto,
teimoso, inquieto,
rima sons, cala os sussurros
e põe, na boca  do nada,
o tudo da eterna canção.

A paz baila por sobre os gritos
E um vento silencioso e lento
pousa sobre,
a mirar, a fitar,
a abrir caminhos para a emoção

Caminha elegante, certeira,
a conquistar corações
E brinca, semanticamente,
enebriando o desentender,
estabelecendo o compreender
do coração

Canta, a poesia canta
E, na conquista,
desbrava becos escuros,
seres escondidos, corações sofridos,
entreabre os olhos tristonhos
e enxerga-se do mar
a imensidão

Vai-se o barulho,
Fogem os gritos.
Ecoam-se palavras,
Canta e dança a linguagem,
a expandir-se,
como estrelada noite
de amor e paixão.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

*Carta ao meu irmão português

Querido poeta,

Emocionada, seguro o teu livro e, entre o olhar e o coração, deslizam os teus versos, saltitando por entre delicadas páginas d'A Nudez poética do teu coração. E o teu olhar é, para mim, o olhar de quem contempla a vida, à espera do lugar propício para o pousar das rosas cálidas que geram a tua poesia e desse anseio de chegada existente no coração saudoso e inquieto de todo poeta.
Aqui, pois, me vou a folhear as tuas páginas e a embevecer-me em cada verso, a caminhar até a trilha dos "Convidados especiais".
 Ao deparar-me com homenagem tão terna e generosa, pressinto a grandeza do teu belo coração e já sinto que se abrem as rosas, a enfeitar os caminhos que entrelaçam a distância. E esse mar imenso que nos separa, como a sussurrar o convite do canto uníssono que brota por entre as ondas altivas, , também,a cantar nossas tristezas e solidões, nossas alegrias e esperas, nosso próprio canto, a gritar por nós, é, já, pura saudação.
Devo eu apenas dizer-te obrigada? Mas, é tão pouco...
Então, eu rogo que a arte dos sonhos fortaleça-se, sempre, no teu coração e que se prolongue, euforicamente, em direção à felicidade plena, caro amigo.
Que os segredos escondidos, nesta tua alma de poeta, caminhem. Em silenciosos passos caminhem.Em direção ao sucesso caminhem.. E, ao passarem por nós, deixem  o doce e suave vestígio da tua plena e bela alma poética, a nos encantar, a nos embriagar.

Com respeito, carinho e admiração da tua amiga (irmã brasileira)
Lice Soares

*(Em agradecimento a Amândio Soares pela homenagem prestada a mim, no seu livro A Nudez Poética do Meu Coração)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Um olhar sobre mim

   Paro, a buscar-me e no caminho que percorro não encontro os sonhos que perdi. Percebo espaços entrecortando caminhos e uma linguagem não falada, a me espreitar, por entre árvores que recuam, avançam, fogem... não sei de mim.
  Um barco desliza por sobre ondas. Já estive aqui? Palavras não me falma, não me permitem desvendar esse querer que há em mim. Sobre as velas içadas, como a acenar para mim, também não encontro vestígios... não me indicam o caminho a seguir. Sobre elas, no mastro imenso, observo, como faróis, um ponto a iluminar, com olhos atentos, os meus passos que tudo veem. Seguem, então, os meus olhos a caminhar espaços antigos sem, contudo, permitir-me enxergar o meu sonho guardado que, ainda, não se fez descobrir.
  No caminho, pelas paisagens da minha alma, vejo coisas que ninguem vê. Mas, vejo-as com esse olhar antigo de quem não pode além-mar enxergar.
  Quando o barco balança e as velas se agitam, são mais que velas: são os meus pensamentos, em busca de um novo chegar, percorrendo os mesmos lugares.
  Sinto necessidade de desaprender as regras injustas e os velhos caminhos. A paisagem observada pela mesma vidraça ofuscada pelo tempo, me faz querer recomeçar.
  Agora sei, decidido está: preciso entrar no processo de desaprendizagem. Desaprender para aprender, assim como Barthes, em sua Aula, quero desaprender o que a tradição ensinou. E, no passo do reaprender, sentir a velha certeza do que se quer, do alvo escondido, sob a névoa ondulante do olhar antigo e recomeçar.
  Eterna desconstrução, no caminho da reconstrução. Apagar os velhos costumes, antigas convicções, deletar comportamentos do passado e internalizar novas formas, novos conhecimentos.
  De repente, percebi que aquela velha vidraça é que me mostrava o novo como antigo. O olhar, com a visão do antigo, é que nos faz não enxergar o novo e ver tudo sob as mesmas perspectivas, sob a mesma visão antiga, à qual teimamos em nos apegar. desta forma, os conceitos antigos se sobrepõem, ofuscando o que poderia ser novo.
  Alberto Caeiro nos sugere olhar para o mundo como se fosse a primeira vez. Deixar de ver o mundo através das velhas grades que nos prendem a medos, complexos, inseguranças, preconceitos. Aprender a abrir as asas e alçar o voo para o céu. E, de lá, contemplar os valores perdidos e reaprender a amar o Amor, a caminhar devagar, tocar numa flor e seguir. Porque, ao abrirmos as asas apressadas, voamos sobre as flores sem sentir o perfume e por entre as nuvens do futuro, desesperamo-nos, a procurar aquilo que, no presente, deixamos ficar.
  Preciso, pois, reaprender a aprender o sentido das coisas belas e o lugar em que elas se encontram.
  Todos nós precisamos desaprender para aprender que a dádiva não se compra e que o que nos causa tristeza nem sempre é motivo para tanta dor.
  Hei de aprender.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

As Razões do Amor


“Os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa: “A rosa não tem “porquês”. Ela floresce porque floresce.”
Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema As Sem-Razões do Amor. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento.
“Eu te amo porque te amo…” – sem razões… “Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo.” Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra.
“Amor é estado de graça e com amor não se paga.”
Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que “amor com amor se paga”. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo. Nada me deves. Como a rosa que floresce porque floresce, eu te amo porque te amo. “Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no eclipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários… Amor não se troca… Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo…”
Drummond tinha de estar apaixonado ao escrever estes versos. Só os apaixonados acreditam que o amor seja assim, tão sem razões. Mas eu, talvez por não estar apaixonado (o que é uma pena…), suspeito que o coração tenha regulamentos e dicionários, e Pascal me apoiaria, pois foi ele quem disse que “o coração tem razões que a própria razão desconhece”. Não é que faltem razões ao coração, mas que suas razões estão escritas numa língua que desconhecemos.
Destas razões escritas em língua estranha o próprio Drummond tinha conhecimento, e se perguntava: “Como decifrar pictogramas de há 10 mil anos se nem sei decifrar minha escrita interior? A verdade essencial é o desconhecido que me habita e a cada amanhecer me dá um soco.” O amor será isto: um soco que o desconhecido me dá?
Ao apaixonado a decifração desta língua está proibida, pois se ele a entender, o amor se irá. Como na história de Barba Azul: se a porta proibida for aberta, a felicidade estará perdida. Foi assim que o paraíso se perdeu: quando o amor – frágil bolha de sabão – não contente com sua felicidade inconsciente, se deixou morder pelo desejo de saber. O amor não sabia que sua felicidade só pode existir na ignorância das suas razões. Kierkegaard comentava o absurdo de se pedir aos amantes explicações para o seu amor. A esta pergunta eles só possuem uma resposta: o silêncio. Mas que se lhes peça simplesmente falar sobre o seu amor – sem explicar. E eles falarão por dias, sem parar…
Mas – eu já disse – não estou apaixonado. Olho para o amor com olhos de suspeita, curiosos. Quero decifrar sua língua desconhecida. Procuro, ao contrário do Drummond, as cem razões do amor…
Vou a Santo Agostinho, em busca de sua sabedoria. Releio as Confissões, texto de um velho que meditava sobre o amor sem estar apaixonado. Possivelmente aí se encontre a análise mais penetrante das razões do amor jamais escrita. E me defronto com a pergunta que nenhum apaixonado poderia jamais fazer: “Que é que eu amo quando amo o meu Deus?” Imaginem que um apaixonado fizesse essa pergunta à sua amada: “Que é que eu amo quando te amo?” Seria, talvez, o fim de uma estória de amor. Pois esta pergunta revela um segredo que nenhum amante pode suportar: que ao amar a amada o amante está amando uma outra coisa que não é ela. Nas palavras de Hermann Hesse, “o que amamos é sempre um símbolo”. Daí, conclui ele, a impossibilidade de fixar o seu amor em qualquer coisa sobre a terra.
Variações sobre a impossível pergunta:
Te amo, sim, mas não é bem a ti que eu amo. Amo uma outra coisa misteriosa, que não conheço, mas que me parece ver aflorar no seu rosto. Eu te amo porque no teu corpo um outro objeto se revela. Teu corpo é lagoa encantada onde reflexos nadam como peixes fugidios… Como Narciso, fico diante dele… No fundo de tua luz marinha nadam meus olhos, à procura… Por isto te amo, pelos peixes encantados…”(Cecília Meireles)
Mas eles são escorregadios, os peixes. Fogem. Escapam.
Escondem-se. Zombam de mim. Deslizam entre meus dedos.
Eu te abraço para abraçar o que me foge. Ao te possuir alegro-me na ilusão de os possuir. Tu és o lugar onde me encontro com esta outra coisa que, por pura graça, sem razões, desceu sobre ti, como o Vento desceu sobre a Virgem Bendita. Mas, por ser graça, sem razões, da mesma forma como desceu poderá de novo partir. Se isto acontecer deixarei de te amar. E minha busca recomeçará de novo…”
Esta é a dor que nenhum apaixonado suporta. A paixão se recusa a saber que o rosto da pessoa amada (presente) apenas sugere o obscuro objeto do desejo (ausente). A pessoa amada é metáfora de uma outra coisa. “O amor começa por uma metáfora”, diz Milan Kundera. “Ou melhor: o amor começa no momento em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética.”
Temos agora a chave para compreender as razões do amor: o amor nasce, vive e morre pelo poder – delicado – da imagem poética que o amante pensou ver no rosto da amada…”
                                     ( Rubem Alves)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sussurro

Esse sussurro tímido
não se atreve a ser voz,
jamais ousa ser grito.

Medroso, sopra o quase silêncio,
entre o temor e o querer
não sei o quê...

Esse sussurro inseguro
Tem medo de revelar-se.

Quase quieto,
a sussurrar sonhos,
assim calados,
quietos,
impossíveis (?) de realizar-se.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Em Espera

Reclinada, balança
à espera do Sol
Silenciosa, contempla
o tombar do dia
E se vai a relembrar
os dias tombados
que lhe sorriam
e os sonhos que já floriam,
em seu coração,
repleto de anseios,
tão carente de amor,
tão cansado da dor...

E, esperançosa, imóvel fica
E, ansiosa, se agita,
aflita,
a esperar a aurora,
a cantar, catando sorrisos,
a falar de paraíso,
a lutar ( pois é preciso!),
 para enxergar,
no azul,
o sol da catedral dos sonhos,
a tinir-lhe, nos ouvidos,
o som de sinos,
vozes de meninos,
a cantar, a brincar...
Nos olhos, um brilho escutar,
coração embevecido, a vislumbrar
a voz, por entre os lírios, a sussurrar:
Chegaste... Chegamos... Chegou.